Casa do Vale
Quando surgiu a oportunidade de desenvolver este projeto, a primeira lembrança que me veio foi clara: "o Guaiúba não respeita o regime padrão de ventos, não posso me esquecer disso!"
Passei boa parte da vida surfando no Guarujá, e foi ali que aprendi, na prática, como o vento se comporta de maneira diferente no Guaiúba. Os morros ao redor do bairro criam uma espécie de funil natural, desviando e redirecionando o ar. Assim, independentemente de onde o vento venha, ele sempre se manifesta em duas direções principais: nordeste ou sudoeste.
Tomando esse fenômeno como premissa essencial, o projeto nasceu orientado por uma busca por ventilação cruzada eficiente, capaz de explorar essa particularidade local. A posição das aberturas foi estrategicamente estudada para que o fluxo de ar, sempre perpendicular a uma das frentes do lote, percorresse o interior da casa com leveza e constância.
A segunda diretriz surgiu da necessidade de privacidade dos moradores. A implantação e a disposição dos ambientes foram desenhadas para se abrirem ao pátio interno, evitando exposições diretas à rua. Os brises desempenharam um papel determinante — filtrando luz, ventilação e olhares. Nas fachadas voltadas ao sudoeste, eles também assumem a função de controle solar, equilibrando conforto térmico e visual.
Por fim, queríamos uma casa leve sobre o terreno, que deixasse espaço para o verde respirar. A solução foi uma implantação em “L”, com volumes retangulares sobrepostos, ocupando apenas 20% do lote. O restante é jardim, grama, sombra e ar — elementos tão importantes quanto o concreto e o vidro na composição desse lugar.










